quinta-feira, agosto 30, 2007

nº 15

Depois de um dia como outro qualquer, nada de mais, nada de menos, fiquei sem vontade de dormir por estar passando pela minha cabeça algumas coisas. Eu estava a ter idéias. Refleti um pouco sobre elas, como faço muitas vezes no decorrer de meus dias. Percebi que algumas delas não seriam viáveis para qualquer pessoa, não seria "popular", por assim dizer. Isso porque poucos poderiam entender, poucos poderiam compartilhar do mesmo entusiasmo ou, mais certamente, não dariam a mínima atenção. Poucos poderiam entender por conta da falta de cultura que assola essa minha querida cidadezinha e quase todo o Brasil. Falta de cultura, leia-se: Falta de vontade, falta de vergonha na cara de quem tem poder pra fazer alguma coisa, preguiça, estupidez, mesquinharia, egoísmo, safadeza, e tudo o mais de ruim que há. Esclarecendo, resumindo, finalizando: Como posso falar de coisas, idéias/ideais, de dever/fazer, de direitos, garantias, de arte, cultura, respeito, educação, prosperidade, moral etc... A uma maioria que vive longe disso, que nunca pensou nisso na vida, que não foi condicionada, formada pra pensar (principalmente), que vive por causa de problemas, muitas vezes essas pessoas são problemas, enfim... Como? Acho que não dá. Isso me causa um mal estar, uma tristeza que me deixa sem vontades. Ainda bem que meus pensamentos não param por ai.

segunda-feira, agosto 13, 2007


De Olhos Bem Fechados. Eyes Wide Shut. Drama, de 1999. Último filme do inesquecível diretor Stanley Kubrick.
Trilha sonora, roteiro, fotografia, atuações, tudo em nível de excelência. Esse é mais um de meus filmes favoritos. Indico. Assista e se delicie, pense e escute.

domingo, agosto 12, 2007

nº 14


"(...), pois desde a aurora do mundo sempre os incêndios atraíram os homens, há mesmo quem diga que se trata de uma espécie de chamamento interior, inconsciente, uma reminiscência do fogo original, como se as cinzas pudessem ter memória do que queimaram, assim se justificando, segundo a tese, a expressão fascinada com que contemplamos até a simples fogueira a que nos aquecemos ou a luz duma vela na escuridão do quarto. Fôssemos nós tão imprudentes, ou tão ousados, como as borboletas, falenas e outras mariposas, e ao fogo nos lançaríamos, nós todos, a espécie humana em peso, talvez uma combustão assim imensa, um tal clarão, atravessando as pálpebras cerradas de Deus, o despertasse do seu letárgico sono, demasiado tarde para conhecer-nos, é certo, porém a tempo de ver o princípio do nada, agora que tínhamos desaparecido. (...)"


José Saramago, O Evangelho Segundo Jesus Cristo;
pág. 137. Companhia de Bolso.