sábado, março 22, 2008

nº 21

A sensação de estar participando de algo que valha a pena é muito gratificante. Mais ainda quando esse algo é o próprio futuro. Quem tem um pouco de racionalidade e gosto pela vida e por aprender acredita que o futuro é algo que vale a pena. Porém, o futuro pode ser muita coisa e vir de várias maneiras. Para que este seja mais específico e menos extenso, definamos aqui futuro como “a faculdade”.

Pra quem entra em uma faculdade ou universidade há tantas perguntas, esperanças, receios e expectativas que, infelizmente, em alguns casos, ao final do curso tudo isso desaparece e dá lugar à frustração e ao profissional precário levado a frente pelo encosto em amigos, parentes e políticos. A vontade de aprender, de crescer, de se movimentar para realmente “se formar” cede por conta de vários fatores de nosso cotidiano, esse atordoado moderno.

A faculdade na qual se estuda também faz parte desse cotidiano destruidor. Fica tudo no mesmo círculo. Por vezes a própria faculdade faz um papel contrário ao de educar. Mas somente o faz por que alunos, pais, professores e quem têm competência para fiscalizar consentem a situação, dando um aval indireto ou inconsciente.

Seria pedir muito: pagar justamente pelo que é oferecido e que seja oferecido justamente pelo que se paga? Essa pergunta serve tanto para “faculdade/universidade particular” quanto para “faculdade/universidade pública”. Nas duas se paga. Pagamos e cobramos pouco, muito pouco. Em se tratando de quem estuda em faculdade particular, o pagamento é em dobro. Podemos perceber uma desentoação ai, não é mesmo?

No início desse escrito foi pincelado algo sobre valer a pena... Bem, muitos jovens estudaram, passaram de ano em ano nos seus ensinos fundamentais e médios, até calcar lugar no superior, daí pergunto: Valeu alguma coisa passar por tudo isso, chegar aqui e não ter consciência? Não ter vontade própria, atitude e personalidade? (sem querer usar essas palavras clichês, mas já usando...) Ser mais um fantoche, boneco.

Futuro começando com essa perspectiva vale algo? É válido ter as mãos atadas por comodismo assim como, ultimamente, grandes personagens políticos e culturais brasileiros tem? Francamente, ser estudante é aprender, crescer, melhorar e repassar o que se aprendeu para melhorar os próximos. Bom... não só isso, mas a idéia passa por ai, friso aqui essa parte.

O “crescer” é em todos os sentidos. Crescer psicologicamente, espiritualmente, socialmente, exteriormente, como há tempo houve esse sentido. Ser estudante é se divertir por estar estudando, sobretudo, ter curiosidade e ter prazer com isso nessa curiosidade, nesse interesse.

Ser estudante é uma face da vida que está sendo esquecida e sendo tratada como modo de produção, produtos em prateleiras. Estudante não é produto, então não seja um produto. Produtos não pensam.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pagamos caro e muito pelo que recebemos ou não recebemos.

O texto é muito inteligente, ficou massa!

Mari VItal