domingo, maio 18, 2008

Cinema...


ADVOGADO DO DIABO
(título original: Devil´s Advocate)



Drama/Suspense
1997
Direção de Taylor Hackford
Atores principais: Keanu Reeves, Al Pacino e Charlize Theron.

O filme narra uma história baseado na novela do livro de mesmo nome, do escritor Andrew Neiderman. Um jovem advogado de defesa (Keanu) aparece como a mais nova sensação do tribunal do júri. Não perde nenhuma causa nem faz acordos. Com uma vida mais que feliz compartilhada com sua companheira, interpretada pela charmosa Charlize Theron. Tudo parece perfeito, como na festa de comemoração, logo após a primeira cena que mostra uma absolvição de um suposto maníaco pedófilo, mas com o passar dos minutos a virtude da perfeição acaba tomando outro rumo, com perspectivas interessantes.

No desenvolver do longa pode-se perceber o pronunciamento de algo. Não dá para apostar em um desfecho da história até irmos percebendo, aos poucos, a grande aproximação e gentileza de John Milton (Al Pacino), um dos sócios de uma grande firma de advocacia, a qual contrata o jovem advogado Kevin Lomax (Keanu) após a vitória no caso do pedófilo. A aproximação entre eles acaba nos passando uma sensação familiar. Perguntas astutas, respostas inesperadas e inteligentes... O roteiro contribui para a eletrização do espectador para com a relação entre os dois.

John Milton faz às vezes do poder. Dá as cartas, mostra as chances, tem as idéias e parece saber das resoluções todas. Não se mostra esbanjador em momentos que não se é para se proceder assim e se mostra o contrário quando o é para ser. Relativamente sedutor e espirituoso. O filme nos mostra um homem perfeito dentro de uma roda social perfeita. E o nosso jovem advogado é fisgado pelas promessas e desafios profissionais com generosos proveitos em dinheiro e reconhecimento. Fisgado pela autoconfiança, perfeição e pelo poder/dever, vide John Milton.

Desde o início do filme fica inerente a proposta de mostrar valores, e eles sendo traçados nos personagens. A vaidade do protagonista em querer nunca perder, a beleza estonteante, vezes somente sexual, de sua companheira, mas que ela mesma contêm uma grande complacência com a idéia de ser mãe, de querer um filho. A figura da mãe de Kevin Lomax, uma religiosa protestante rigorosa. As atitudes certeiras e friamente calculadas do patrão, sócio e presidente da grande firma de advocacia, John Milton. A vaidade de um lado, depois vem a luxúria e a ganância, em contraponto com a crença na justiça (justa).

Uma idéia que nos é passada é a que o protagonista perpassa por obstáculos que ele mesmo escolheu para si. Nada foi imposto. Tudo seria questão de escolha, por mais que se possa pensar que houvesse algo já traçado. Escolhas motivadas por aqueles valores negativos, também chamados de pecados, pecados capitais. Por vezes há a vontade inconsciente de achar algo para se colocar a culpa, para culpar. Até que o poderoso John Milton poderia ser esse algo, mas, ao fim do filme, veremos que não é bem assim. Talvez o protagonista possa ser a transfiguração de qualquer ser humano, fazendo escolhas e sendo motivado por suas idéias e ideais. Tendo chances. Errando ou acertando. O filme coloca em jogo a questão filosófica do certo e do errado, do justo, do querer. Filosofia simples, mas necessária para a compreensão de, também, coisas simples da vida.
Advogado do Diabo, antagonicamente ao seu título, não tem nada de Diabo. É humano até o final.

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